quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

!Natal!

O Natal! Ahh...o Natal! Tenho tanto para falar do Natal. Eu amo o Natal...assim como amo vários rituais e sou completamente ritualista e adoro passagens, símbolos, simbologias e Natal me emociona. Mas durante a minha vida não lembro de um Natal feliz! E pensando no post sobre o Natal, foi inevitável rever meus outros Natais e pensar no quanto eu simplesmente não escrevo aqui sobre a minha vida, sobre a minha família (de origem), sobre a minha profissão e sobre o meu "eu" antes do Italo. Então vamos lá....vamos revirar um pouco esse meu passado!

Sou primogênita de uma família de interior e cresci no mato, na rua, nos campos com cachoeiras e tive uma infância bem feliz até os 7 anos quando viemos para Blumenau. Esse registro está em minha memória, em meus registros de infância. Muito embora no discurso de minha mãe, eu tenha sido um bebê que chorou até os 3 meses, não mamou (eu neguei o peito, tinha nojo, segundo ela) e fui muito doente com bronquites (em torno de umas 10 internações), e era bem feia. Não foi muito fácil crescer com estes dizeres dela e na maternidade tudo isso voltou com uma força incrível! (merece outro post)
Continuando... aos 4 minha irmã nasce linda, loira de olhos verdes, quietinha, só dormia e mamava....ah sim, ela mamava muito bem e era muito saudável! Eu fiquei completamente ciumenta, regredí, voltei a chorar muito e pedia a todos os famíliares para levantarem a mão quem me gostava. Esse comportamento me assombra até hoje em minha família que insiste em lembrá-lo e passei uma vida sofrendo o rótulo de mimada, chorona, sensível, chata, fraca, frágil e a frase que me acompanha até hoje é: "Quem gosta de mim levanta o dedo" com direito a tom choroso, toda vez que ela é pronunciada em encontros de família em meio a risadas. Não sei se sabem que uma "brincadeira" na visão deles teve tanto peso na construção da minha identidade.
A minha vida foi tentar provar o tempo todo o contrário de todos os adjetivos que me assombravam e me encerravam ... demorei a saber quem eu era.
O lugar que encontrei para crescer, forte, grande, importante, admirável.... foi a do estudo...e como estudei nesta vida...a primeira da classe, graduei em fonoaudiologia (lógico que me apaixonei completamente por aquilo que faz parte faltante em meu ser: fase oral completamente mau resolvida); pós; mestrado e junto destes títulos assumí posturas arrogantes, que me davam certeza da minha força, trabalhei em lugares que me enalteciam, hospital, clínicas conceituadas e passei a ser a Fonoaudióloga. Por 9 anos vivi neste papel a minha única possibilidade de "Ser" (profissional respeitada e realizada) e junto a alguns relacionamentos fracassados....ainda não conseguia saber quem eu era. Era apenas quem eu não queria ser: fraca!

A família (pai, mãe e irmã) cheia de buracos e ainda hoje acho dificil para eu defini-la. Meus pais se separaram quando me graduei, faz tempo. E mesmo antes, sempre houveram muitas brigas, discussões, imposições e os Natais com pouca alegria. Não tinha como transformar em felicidade plena um único dia se nos outros 364 dias do anos as relações eram tão conturbadas, inflamadas. Amo meu pai, minha mãe e minha irmã, sou grata pelos valores tão importantes que recebi e pela educação que me fez ser quem eu fui por 32 anos .....mas as relações não eram boas, saudáveis, não na minha vida pelo menos e venho ao longo dos anos retomando e redefinindo e reelaborando a minha relação com eles. Hoje muito melhor....muito melhor! Mas durante muito tempo me achei uma estranha no ninho, minha alma não se encaixava.... mesmo tendo muitos momentos felizes em família e recordações felizes, não era a família dos meus sonhos, eu não encontrava o conforto de um "lar" e os Natais não eram plenos! Eu sonho, sempre sonhei muito....sempre desejei encontrar um lugar, um "lar" para a alma, um conforto no espírito!
 - * Deixando bem claro que meus pais foram ótimos pais.... verdadeiramente...excelentes nos papéis de "PAIS". Porém não como casal e consequentemente como família (no "meu" ponto de vista)...pergunte a qualquer criança e ela te responde que mais importante que ser amada é ver os pais se amando e se respeitando. E por último deixo bem claro que não estou aqui para apontar, nem para acusar alguém do meu "eu" do passado que não gosto, eu sou totalmente responsável por aquilo que sou nas relações!

Quando encontrei o Italo já tinha me encontrado.... fui saber quem eu era em São Paulo.... deixei de ser Fonoaudióloga por 2 anos (mesmo estudando), me distanciei da Profissional Fonoaudióloga, fui aluna só e pude ser Grasiela.

Por isso este Blog começa na trajetória de nosso casamento e parece que eu começo neste momento pois antes disso tem muito pouco de "EU" e ainda um "eu" que não gosto muito. Sei que a trajetória é tão ou mais importante que a chegada.... ela é a parte importante deste "EU". Mas só gosto de falar da Grasiela esposa, dona de casa, mãe, mulher ..... me encontrei nestes papéis e os amo muito. Não tennho vontade de falar da profissional, da filha e da irmã. São papéis em reestruturação ainda, nova roupa, para uma nova pessoa.

E este Natal...UFA! Este Natal era importante demais....o primeiro em que eu estou plenamente feliz...feliz por ser quem eu sou....com uma família, a minha família que me traz a paz, o conforto que tanto busquei! O Natal no meu "LAR" o lar que revigora a minha alma, o Natal com a minha família, comemorar um dia feliz, tão feliz quanto todos os outros 364 dias felizes que tivemos neste ano.
Me empolguei muito....fiz uma árvore com tanto gosto, enfeitei muito, enfeitei a casa do meu jeito, da minha forma, comprei um presentinho para todos, fiz um jantar que modesta parte estava muito gostoso e celebrei e agradeci muito por ter a família que tenho! Foi o melhor primeiro Natal que tive!!!
Amo muito você meu amor Italo....amo eu com você!
Amo muito você minha filha Maria Clara....amo eu com você!
Amo o Natal com vocês minha família!





Famílias

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