quinta-feira, 11 de agosto de 2011

A Noite Inteira

Essa noite a Maria Clara dormiu sem acordar, na verdade sem me solicitar ....das 23 às 6 da manhã (7 horas seguidas), Eu acordei até um pouco assustada e passei algumas horas pensando nisso. Pensando que ela, ao contrário de todas as receitas que recebemos para uma noite toda de sono, (mamadeira com leite de vaca, feijão, polenta com galinha, sopa e etc) aos 4 meses e apenas com leite de peito, leite de mãe, sem chupeta, dormiu uma noite inteira. Mas ontem ainda em conversa com o marido comentava o quanto sinto ela (eu) mais segura, o quanto eu sinto ela (eu) feliz, o quanto sinto ela (eu) tranquila. Falo ela (eu) pois foi o que eu acabei concluindo (com ajudinha de Laura Gutman), que na real o que o bebê solicita a noite não é alimento para o físico e sim alimento para a alma de tudo aquilo que não obteve ao longo de seu dia. Ontem foi o dia que mais brincamos, que mais conversamos, que mais nos cheiramos e que mais nos amamos. EU não estava pensando em louça para lavar, nem em roupas para passar, nem nessa umidade absurda, nem no dia feio e nublado, nem me sentia cansada, nem me sentia sozinha, nem tinha contas para pagar, nem precisava sair de casa e nem refletia sobre a minha criação e as minhas carências primárias da minha infância. Foi um dia vivido de forma feliz, leve e com um prazer enorme na companhia da Maria Clara. Acredito de verdade que os bebês necessitam de muito pouco e que todos os choros, cólicas, noites em claro, refluxos e leites de peito de menos e fissuras e etc.... são simplesmente as NOSSAS dificuldades emocionais refletidas no físico de nosso bebê. Uma puérpera precisa que o mundo (o marido, a mãe, a sogra, uma amiga) resolva as coisas racionais (a arrumação da casa, o financeiro, entre outras atribuições e obrigações) para que ela esteja inteira na maternagem, emocionalmente apoiada, e esse período deveria durar 9 meses que é o tempo que um bebê se "libera" um pouco de sua mãe ao começar engatinhar! Coisa rara???? No nosso mundo tão "moderno"? Uma mulher se dedicar integralmente ao seu filho por 9 meses da vida dele? Quando isso acontecer posso apostar que teremos um mundo melhor, com pessoas melhores, mais amadas, mais satisfeitas e mais felizes!


quinta-feira, 4 de agosto de 2011

A Maternidade me Ensinou

A Clarinha completou os 4 meses em aleitamento materno exclusivo e assim continuará até os 6 meses. Exclusivo entende-se sem nenhum outro alimento e/ou complemento: leite de vaca tipo NAN (tem gente que acha que o NAN não é leite de vaca), chás, sucos, qualquer papinha. É incrível como sou questionada e aconselhada e orientada a dar uma mamadeira a noite para ela dormir um pouco mais com o leite pesado de vaca, e pasmem minha pequena mama as 9 da noite e resmunga por volta das 3 ou 4 da manhã, mama (apenas com o leite de mãe) e volta a dormir até umas 6 ou 7 da manhã. Acredito que o leite materno vem composto além de todos os nutrientes, vacinas e componentes riquíssimos com boas doses de amor, aconchego, segurança, prazer. O meu leite não alimenta só o corpo da Clarinha, mas sim sua alma!
A maternidade me ensinou que bebês não têm essa malicia da manha, que tantos pais morrem de medo....um bebê quando nasce é a extensão de sua mãe até aproximadamente os 2 anos. Nos primeiros 9 meses (período que começa certa independência) ela PRECISA integralmente de sua mãe para que possa sobreviver emocionalmente. Acredito ser um tempo tão MÍNIMO de atençaõ exclusiva que realmente não entendo por que as pessoas não suportam esse intensivo materno. Quando um bebê chora em seu berço, quando ele quer colo e o seio acalentador ele simplesmente implora pelo que lhe é vital. Nunca vi em meu consultório (nestes 11 anos de experiência), uma criança mimada, sem limites entre outros tantos adjetivos que tivessem como causa o amor, a dedicação e atenção nesse momento importante até os 2 anos. Muito pelo contrário, ao analisar a história daquela criança, o que se observa é a carência, o desmame precoce, o desespero por atenção. Me impressiona quando ouço uma mãe dizer que deu bico e mamadeira e/ou que deixou seu bebê chorando no berço por que ele "precisa se acostumar" ou para poder liberar um pouco a mãe do compromisso. Aprendi com a autora Laura Gutman que o bebê começa a se separar da mãe muito precocemente quando introduzimos interpostos tipo bico, mamadeiras e distanciamos seu corpo do da mãe em berços e carrinhos, e essa separação precoce acarreta tudo aquilo de que os pais mais abominam..... crianças que choram demais, que não dormem a noite, doentes, com refluxos, bebês que não ganham peso, carências, inseguranças. Cada vez que a criança tem dor, desconforto, fome, o que ela precisava na verdade não era a borracha do bico e nem o leite da vaca....... mas sim a mãe, o seio, o colo. A maternidade me ensinou que se passamos nossa infância um pouco recobertos ou desprotegidos, a fazer grandes esforços de adaptação encontraremos logo com as crianças de fome emocional. Quando uma criança não é suficientemente e emocionalmente nutrida durante a infância (até os 2 anos), ainda vai exigir de você o pedido, (que antes era de seio, de colo) mas vai mudar a forma de fazer o pedido. Idade não serve para saciar a sede (Laura Gutman). Idade apenas disfarça as necessidades emocionais e encontramos todos os tipos de carências em nossa sociedade, os mimados, os terriveis da escola, os adultos alcoólatras, os adolescentes drogados, compulsivos por comida entre outros jeitos de satisazer as carências primárias e que acompanham as nossas vidas. A maternidade me ensinou que pode ser um pouco cansativo essa dependência e a gente se sente até um pouco desesperada e desnoitada, mas é maravilhosa a reconpensa de ver o quanto a Clarinha é esperta, segura, alegre, saudável e amável. Esse tempo parece ridículo rente a recompensa de uma vida! Vou continuar grudada com ela no peito, e vou dar papinhas só aos 6 meses, vou acordar a noite quantas vezes ainda forem necessárias até ela se sentir segura e vou amamentar até quando ela tiver vontade. Sem bicos, sem mamadeiras.... mas com muito amor, aconchego e colo. Daqui a pouco minha pequena vai se encantar pelo mundo dos objetos, os brinquedos, outras crianças e vai acabar esse casulo que hoje nos encontramos... mãe/bebê. A maternidade me ensinou a ser paciente, esperar o tempo das coisas, ouvir a natureza, respeitar o desenvolvimento humano e a entrega, me ensinou a ser mais alguém além de mim mesma apenas, a saber que tenho condições de ser MÃE. Agradeço a companheira de caminhada Bete (banco de leite), a autora Laura Gutman no livro "A maternidade e o encontro com a própria sombra" e ao sempre amor eterno Italo.