sábado, 21 de janeiro de 2012

Damos o que temos!

Em sua maioria as pessoas acreditam que todos os seres humanos são capazes de transmitir amor, carinho, afeto, perdão, aceitação entre outros tantos sutis sentimentos...

Só é possível darmos aquilo que recebemos um dia, só consigo amar se fui muito amado, só consigo acarinhar se já fui muito acarinhado, só consigo aceitar o outro (diferente) se fui aceita, só consigo perdoar se fui perdoada....vale também para a raiva, a agressividade. Sou agressiva quando recebi e vivi agressividades! Tenho para dar aquilo que recebi....na construção da personalidade (infância)
Geralmente aquilo que eu mais observo no comportamento de outra pessoa e me é tão facilmente reconhecido (se é tão conhecido é por familiaridade não é?) mas que me incomoda tanto e que insisto em apontar.... é o canto escuro da própria personalidade que em sua maioria negamos.

Competição.....aponto competitividade pois me reconheço competindo sem conseguir admitir.
Inveja.....aponto inveja pois me reconheço invejando sem conseguir admitir.
Soberba....aponto a soberba no outro pois me reconheço no sentimento que tenho sem conseguir admitir.

É bem simples não é? Só posso reconhecer um sentimento se eu o possuo....se me mostrarem um "eprom" eu jamais reconheceria, não sei o que é e nem para quê serve (perguntei para o marido uma coisa que ele acha que se eu visse jamais saberia o que era). Assim funciona para os sentimentos.

Quando temos alguma divergência, pessoal, profissional e/ou familiar...na relação com o outro....devíamos nos focar nas atitudes, pontuar fatos, ações e comportamentos. Tudo isso pode ser criticado, falado, discutido e comentado (relacionar-se é isso....ter espaço para "discutir", senão não, não é relação e sim individualismo). E os únicos sentimentos a serem colocados são os "meus" se assim eu me sentir a vontade. Aportar sentimentos é que não é possível....pois em geral como falei antes, muito provavelmente estarei falando de mim e de sentimentos meus escondidos.

Mas algumas pessoas se acham "perfeitas" em suas ações (principalmente na profissão) e jamais admitem alguma pontuação crítica em relação ao seu fazer....cresceram na exigência da perfeição onde não foi permitido o erro e assim ataca toda e qualquer pessoa que possa ser um risco da "pessoa perfeita" que construiu, até por quê o mundo desmonoraria se admitisse que é passível de erro. Quem não permite erro também não sabe perdoar.

Aqui em casa permitimos sim os erros, os sentimentos ruins (visto pela maioria) e tudo pode ser dito e expressado. E mesmo numa discussão mais calorosa (temos sim e muitas), já mensionei antes que na emoção eu sou bem intensa, procuramos receber o que vem de cada um com  muito respeito e cuidado e damos o devido "espaço" para as falas serem refeitas e reformuladas e re-conversadas. Nada é fadado e lacrado...aqui temos espaço para erros e reformulações. Temos liberdade de seguir por um caminho, mas de voltar também se percebemos que o caminho foi errado. Uma conversa mal interpretada pode virar mais mil outras se for necessário...não costumamos encerrar um ao outro por um ato ou uma única conversa meio torta. Pretendemos criar os filhos na mesma relação que temos de casal .... com liberdade de expressão sem se sentirem envergonhados por aquele "defeito" ou "sentimento"....se aceitar é o principal caminho para conseguirmos aceitar o outro.
Posso sentir raiva, medo, angústia, sentimentos não controlamos, as ações sim podem ser controladas ...... eu só não posso projetar meus sentimentos em outra pessoa pois não me ensinaram a aceitá-los. Reconhecer os próprios sentimentos (bons ou ruins) é muito importante para os relacionamentos.



Só damos ao outro o que temos em nós....só reconhecemos no outro o que é conhecido em nós!!!!
Olhar o próprio umbigo pode nos livrar de mágoas e recentimentos.


O SÁBIO SAMURAI

Perto de Tóquio, vivia um grande samurai, já idoso, que agora se dedicava a ensinar Zen aos jovens. Apesar de sua idade, corria a lenda de que ainda era capaz de derrotar qualquer adversário.

Certa tarde, um guerreiro, conhecido por sua total falta de escrúpulos, apareceu por ali. Era famoso por utilizar a técnica da provocação. Esperava que seu adversário fizesse o primeiro movimento e, dotado de uma inteligência privilegiada para observar os erros cometidos, contra-atacava com velocidade fulminante. O jovem e impaciente guerreiro jamais havia perdido uma luta. Conhecendo a reputação do samurai, estava ali para derrotá-lo e aumentar sua fama.

Todos os estudantes se manifestaram contra a idéia, mas o velho e sábio samurai aceitou o desafio. Foram todos para a praça da cidade. Lá, o jovem começou a insultar o velho mestre. Chutou algumas pedras em sua direção, cuspiu em seu rosto, gritou todos os insultos que conhecia, ofendendo, inclusive, seus ancestrais. Durante horas fez tudo para provocá-lo, mas o velho sábio permaneceu impassível. No final da tarde, sentindo-se exausto e humilhado, o impetuoso guerreiro desistiu e retirou-se.

Desapontados pelo fato de o mestre ter aceitado tantos insultos e tantas provocações, os alunos perguntaram: — Como o senhor pôde suportar tanta indignidade? Por que não usou sua espada, mesmo sabendo que poderia perder a luta, ao invés de se mostrar covarde e medroso diante de todos nós?

Se alguém chega até você com um presente, e você não o aceita, a quem pertence o presente? — perguntou o Samurai.

A quem tentou entregá-lo — respondeu um dos discípulos.

O mesmo vale para a inveja, a raiva e os insultos — disse o mestre. — Quando não são aceitos, continuam pertencendo a quem os carrega consigo. A sua paz interior, depende exclusivamente de você. As pessoas não podem lhe tirar a serenidade, só se você permitir!

O que sai de você e o que você aceita depende únicamente de sua natureza!

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