quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Casamento: A construção de uma nova família.

A saída de um filho da casa dos genitores implica, tanto para os filhos como para os pais, a "capacidade para estar só". Casar e formar uma família exige que os cônjuges tenham desenvolvido essa capacidade, que é um estado do desenvolvimento emocional que está vinculado ao amadurecimento e ao processo do desenvolvimento para a autonomia.
Outros teóricos como Niccoló (1995), que estudam os mecanismos intrínsecos à escolha dos pares conjugais e à formação da família, apontam a importância da influência da dinâmica do casal parental de origem no estabelecimento do funcionamento da família atual e sua maneira de criar os filhos. A construção da identidade conjugal é um processo que se inicia antes mesmo do casamento. Para que o indivíduo consiga unir-se ao outro e estabelecer uma relação íntima entre o seu eu, o tu e o nós torna-se essencial que sua identidade já esteja formada e que neste momento, ele possa conciliá-la com a identidade de outra pessoa (Erickson, 1998). A teoria boweniana afirma que o indivíduo com personalidade madura e saudável é aquele que consegue resolver seu apego emocional com a família de origem, podendo diferenciar-se da mesma. Ou seja, as pessoas que alcançam bons níveis de diferenciação são capazes de adotar posições definidas sobre as questões que a rodeiam, e permitem estar em contato íntimo com os outros, sem se deixar moldar por estes (Nichols & Schwartz, 1998). Todo o processo de construção da identidade, portanto, passa inevitavelmente pela formação da identidade adulta, que tem inicio no final da adolescência. É neste período que se observa como principais complicações o manejo do sustento financeiro, respeito às fronteiras e a permissão para que o indivíduo possa governar sua vida. O sujeito que não consegue diferenciar-se de seus pais demonstra ter pouca identidade autônoma e tende a estar fusionado com outras pessoas e com a própria família de origem. Assim, quanto menor a diferenciação do self antes do casamento, maior poderá ser a fusão ou a distância entre os cônjuges.
A situação ideal, que raramente ocorre, é aquela na qual os parceiros tornam-se independentes econômico e emocional de suas famílias de origem antes do casamento e ao mesmo tempo mantêm laços estreitos e carinhosos com as mesmas. Nesse caso, o casamento servirá para que toda a família compartilhe e celebre a mudança de status do novo casal .
Desta forma, o casal vai aos poucos construindo sua identidade conjugal e começa a elaborar seus construtos em função um do outro
Além disto, a intimidade conjugal vai sendo formada na medida em que se consegue estabelecer limites claros entre o espaço do casal e sua família de origem, bem como entre os espaços dedicados à profissão, ao lazer e à individualidade de cada um. McGoldrick (1996) afirma que a formação do casal é um dos momentos mais críticos na formação e estruturação da família, e que este processo se inicia na escolha do parceiro, estando relacionados um conjunto de valores pessoais, familiares e sociais.
E em muitos momentos esses limites são difíceis de serem colocados para as famílias de origem que não compreendem a necessidade saudável e normal dessa individualização para que o novo casal viva a sua vida da sua maneira e com regras e valores estabelecidos apenas pelo novo casal e não conforme o desejo dos pais que já tiveram a oportunidade de vivenciar tudo isso quando casaram e formaram a "sua" familia. Neste momento o casal novo está em processo de formação de uma "nova" família que será seu compromisso maior e primordial. Os pais não conseguem abrir mão do papel de pais para vivenciar uma nova relação mais adulta com seus filhos, têm dificuldades de enxergar nos filhos papeis de marido e/ou esposa e também papeis de pai e/ou mãe e tendem a solicitar que os filhos continuem dinâmicas familiares estabelecidas por eles e não percebem que nova dinâmica (com regras, valores e necessidades diferentes) serão estabelecidas pelo novo casal e que os pais devem respeitar essa nova família que está se formando.
Isto significa que o casal deve possuir os limites intra e extra diádicos de forma clara e flexível o suficiente para acompanhar a evolução e as mudanças do ciclo de vida familiar, entretanto com a não realização do processo de diferenciação, torna-se quase impossível estabelecer uma identidade adulta e, claro, uma conjugalidade.

Cada casal tem um modelo muito particular no ato de tornar-se e viver como casal, ou seja, a identidade conjugal. Tomar decisões, estabelecer novos valores, regras próprias do funcionamento do casal e aos poucos estabelecer novos papeis de marido e esposa, pai e mãe.
Uma nova família se estabelecerá !!!!!

Nenhum comentário:

Postar um comentário