segunda-feira, 8 de junho de 2009

"Não Separeis o que Deus Juntou"


" Imutável só há o que vem de Deus. Tudo o que é obra
dos homens está sujeito a mudança. As leis da Natureza
são as mesmas em todos os tempos e em todos os países.
As leis humanas mudam segundo os tempos, os lugares e o
progresso da inteligência. No casamento, o que é de ordem
divina é a união dos sexos, para que se opere a substituição
dos seres que morrem; mas, as condições que regulam
essa união são de tal modo humanas, que não há, no mundo
inteiro, nem mesmo na cristandade, dois países onde
elas sejam absolutamente idênticas, e nenhum onde não
hajam, com o tempo, sofrido mudanças. Daí resulta que,
em face da lei civil, o que é legítimo num país e em dada
época, é adultério noutro país e noutra época, isso pela
razão de que a lei civil tem por fim regular os interesses das
famílias, interesses que variam segundo os costumes e as
necessidades locais. Assim é, por exemplo, que, em certos
países, o casamento religioso é o único legítimo; noutros é
necessário, além desse, o casamento civil; noutros, finalmente,
este último casamento basta. Mas, na união dos sexos, a par da lei divina material,
comum a todos os seres vivos, há outra lei divina, imutável
como todas as leis de Deus, exclusivamente moral: a lei de
amor. Quis Deus que os seres se unissem não só pelos laços
da carne, mas também pelos da alma, a fim de que a
afeição mútua dos esposos se lhes transmitisse aos filhos e
que fossem dois, e não um somente, a amá-los, a cuidar
deles e a fazê-los progredir.
Nas condições ordinárias do
casamento, a lei de amor é tida em consideração? De modo
nenhum. Não se leva em conta a afeição de dois seres que,
por sentimentos recíprocos, se atraem um para o outro,
visto que, as mais das vezes, essa afeição é rompida. O de
que se cogita, não é da satisfação do coração e sim da do
orgulho, da vaidade, da cupidez, numa palavra: de todos os
interesses materiais. Quando tudo vai pelo melhor consoante
esses interesses, diz-se que o casamento é de
conveniência e, quando as bolsas estão bem aquinhoadas,
diz-se que os esposos igualmente o são e muito felizes hão de ser.
Nem a lei civil, porém, nem os compromissos que ela
faz se contraiam podem suprir a lei do amor, se esta não
preside à união, resultando, freqüentemente, separarem-se
por si mesmos os que à força se uniram; torna-se um perjúrio,
se pronunciado como fórmula banal, o juramento feito
ao pé do altar. Daí as uniões infelizes, que acabam tornando-
se criminosas, dupla desgraça que se evitaria ao estabelecerem-
se as condições do matrimônio, se não abstraísse
da única que o sanciona aos olhos de Deus: a lei de
amor. Ao dizer Deus: “Não sereis senão uma só carne”, e
quando Jesus disse: “Não separeis o que Deus uniu”, essas
palavras se devem entender com referência à união segundo
a lei imutável de Deus e não segundo a lei mutável dos
homens. "
O EVANGELHO SEGUNDO ESPIRITISMO

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